Roteiro casas e coisas
Casa da Dona Yayá





História
R. Maj. Diogo, 353 – Bela Vista, São Paulo – SP, 01324-001
[1] O edifício conhecido como Casa de Dona Yayá constitui um documento material da transformação da cidade de São Paulo em uma metrópole. Considerado um dos últimos remanescentes do antigo cinturão de chácaras que circundava a região central da cidade, em seu núcleo original resistem intactas as paredes de uma edificação de tijolos, assinalando a popularização de uma técnica construtiva até então pouco difundida na cidade. Sua aparência atual resultou de reformas e ampliações realizadas entre o final do século 19 e a metade do 20 que reconfiguraram substancialmente a planta da casa, bem como sua ornamentação externa e interna.Lugar de memória da arquitetura e da urbanização de São Paulo, a Casa de Dona Yayá assumiu importância histórica ainda maior ao ser convertida em local de clausura de sua proprietária mais ilustre. Sebastiana de Mello Freire, Dona Yayá, ali viveu reclusa entre 1919 e 1961, após ser considerada mentalmente incapaz. A adaptação do palacete eclético à função terapêutica manifesta-se em múltiplas formas de segregação e vigilância espacial, revelando práticas de tratamento e representações da loucura vigentes na sociedade brasileira do período.Com base nessa rica história material e imaterial da Casa, o imóvel foi tombado pelo Estado de São Paulo, em 1998; e pelo Município, em 2002. As atividades do CPC-USP no campo patrimonial convergem para a valorização do imóvel através de formas qualificadas de uso público, fomentando as reflexões em torno de sua arquitetura, seu lugar na história social, cultural e urbana e os significados do bem na memória coletiva e no imaginário urbano.A equipe de Educação e Memória do CPC está à disposição para dialogar sobre a história de uma casa localizada no bairro do Bixiga, em São Paulo, e que começou a ser construída há mais de cem anos, sendo até hoje identificada pelo nome de sua última proprietária, Sebastiana de Mello Freire.
[2] Sebastiana de Mello Freire, carinhosamente chamada de Yayá, nasceu em 21 de janeiro de 1887. Aos 13 anos de idade perdeu seus pais e, poucos anos depois, seu último irmão. Herdeira de uma grande fortuna e dona de uma personalidade voluntariosa e exigente, não se casou. Aos 31 anos apresentou os primeiros sinais de desequilíbrio emocional, sendo interditada no ano seguinte e internada por um ano no Instituto Paulista. Após deixar a clínica, viveu até o final dos seus dias, em 1961, segregada em sua residência, pequena chácara localizada próxima ao centro. A casa é exemplar remanescente significativo das transformações do bairro em razão do crescimento da cidade mas, sobretudo, é testemunho material das formas pelas quais a sociedade entendia e tratava a loucura nos primeiros sessenta anos deste século.
Citação
[3] (pág. 261)[…] casa de Yayá” encantaria também por permitir “aprofundar a construção e a derrogada de mitos sobre memória e patrimônio” (: 18). Naquilo que possui de trágico e, portanto, de humano, a história dessa mulher que permaneceu encarcerada durante quase meio século se enraizou na história da edificação. As grades de ferro e os vidros duplos instalados nas antigas janelas; as portas pesadas que, dotadas de visores de corte transversal, foram afixadas nos batentes embranquecidos para possibilitar a passagem apenas de comida; o solarium construído em 1951 para prover mais circulação a uma reclusa proibida de sair ao jardim: intervenções como essas dialogam com todo um “imaginário” que, segundo a autora, tem de ser necessariamente considerado por quem avalia o bem cultural. São concepções socialmente difundidas acerca da mulher – em especial da mulher rica que foge aos desígnios de sua condição social, na São Paulo da primeira metade do XX -, mas é também todo um imaginário sobre a loucura.
Referências
[1] Descritivo retirado do site: https://www.guiadasartes.com.br/sao-paulo/sao-paulo/casa-de-dona-yaya
[2] Trecho retirado do site: http://www.ipatrimonio.org/sao-paulo-casa-de donayaya
[3] FREHSE, Fraya. Comissão de Patrimônio Cultural da USP – A Casa de Dona Yayá. EDUSP. São Paulo, 1999.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/ra/a/pMLF65JWXzjfcCFjLyhzNGs/?format=pdf&lang=pt
Materiais complementares
Vídeo: Centro de Preservação Cultural – Casa de Dona Yayá
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DwuxiycO6RE
Vídeo: Conheça a triste história de Dona Yayá
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NfTiJmuPngk
Acervo de imagens
Disponível em: http://www.ipatrimonio.org/sao-paulo-casa-de-donayaya/#!/map=38329&loc=-23.553019567208548,-46.63964509963989,15
Roteiro recomendado
Este ponto turistico faz parte de um roteiro planejado, para conhecer outros pontos relacionados, utilize o mapa abaixo.