Roteiro da independência

Monumento à Independência

História

Praça do Monumento, s/nº – Ipiranga, São Paulo – SP, 04261-050


[1] O Monumento à Independência foi criado em 1922 como parte das comemorações do centenário da emancipação política brasileira. Em 1917, o Governo do Estado de São Paulo organizou um concurso, aberto à participação de artistas brasileiros e estrangeiros que apresentaram projetos e maquetes. O conjunto de maquetes foi exposto no Palácio das Indústrias. O projeto vencedor foi o do artista italiano Ettore Ximenes (1855 – 1926), cuja aprovação não teve a unanimidade da comissão, que estranhou a ausência de elementos mais representativos do fato histórico brasileiro a ser perpetuado. O projeto de Ximenes foi então alterado, com a inclusão de episódios e personalidades vinculados ao processo da independência, tais como: a Inconfidência Mineira (1789), a Revolução Pernambucana (1817), e as figuras de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763 – 1838), Hipólito da Costa, Diogo Antônio Feijó e Joaquim Gonçalves Ledo, principais articuladores do movimento. O monumento, embora não concluído, foi inaugurado em 7 de setembro de 1922, ficando completamente pronto somente quatro anos depois.

Citação

[2] (pág. 198) […] A recuperação do passado e a perpetuação de determinadas imagens acerca do episódio que teria assinalado a “origem” da nação encontravam-se vinculados a uma complexa situação que envolvia a dinâmica interna do governo imperial naquela ocasião e uma profunda redefinição dos partidos liberal e conservador. […] Os argumentos utilizados para justificá-lo e a maneira pela qual foi concebido apontam para a formulação de uma leitura particular da história do Brasil e de representações sobre a Província de São Paulo que tiveram posteriormente enorme ressonância principalmente no âmbito dos discursos republicanos de fins do século.


[3] (pág. 88) O instituto do patrimônio histórico e artístico nacional, IPHAN, homologou o tombamento a nível federal do Museu Paulista, Casa do Grito, Monumento à Independência, o parque e os jardins que os circunda em 11 de abril de 1997.

(pág. 92) Os locais de memória são erigidos em sua maioria com o intuito de demarcar e lembrar um dado momento
histórico como essencial na personificação de fatos e personagens na memória de um determinado povo ou grupo. Tal ação resulta de movimentos premeditado por parte do jogo político oficial em ressignificar ou impor narrativas conforme interesses de determinados setores sociais em associar a sua autoimagem e se impor a outros, práticas estas, que não ocorrem de forma passiva, pois a memória é um campo de disputa e de resistência na sua inserção e reconhecimento.


(pág.35) O inicio do século XX marca o debate intelectual sobre o ressignificado do termo nação e caminhos para a formação de um país moderno e desenvolvido, buscando assim, um símbolo que aglutinasse todos os valores, ideais e virtudes necessárias para se impor um projeto em escala nacional. O balanço do país feito nas primeiras décadas, apontava a necessidade de um projeto de reconstrução nacional que garantisse o ingresso do Brasil na nova realidade do pós-guerra. Esse momento foi marcado pela tentativa de colocar o país no ritmo da história, de torná-lo contemporâneo do seu tempo. O lema era: Tudo por uma nação moderna. O alinhamento de discursos, criação de instituições, revistas, quadros e livros visavam personificar São Paulo como um local sagrado e envolto de uma aura mítica. Porém, faltava ainda um fator determinante para que se fundisse nas mentes e corações de forma ampla tal sentimento. A solução encontrada foi a materialização e visualidade imposta pelas construções monumentais. Os temas escolhidos seriam os grandes fatos históricos que remetiam ao passado, presente e futuro, elevando assim, ações que evidenciasse a importância de São Paulo desde os primeiros anos da colonização na perpetração do território brasileiro até a sua efetivação como metrópole e centro econômico, fruto da sua produção cafeeira e do processo de industrialização.


(pág. 36) Os grupos ligados ao poder público paulista e a elite cafeeira sentiam a necessidade da criação de uma nova identidade nacional pautada na energia bandeirante, de uma forma que evidenciasse os traços de modernização e na sua inserção aos moldes capitalistas priorizando o sentimento de brasilidade do qual o paulista seria o maior exemplo a ser seguido, projetando assim, a imagem que a elite intelectual paulista queria passar e expor e expor as virtudes a serem seguidas pela nova nação: amor ao trabalho, à ordem, à disciplina, à determinação, à ação, ao pragmatismo e à abnegação. O Brasão confeccionado para a cidade de São Paulo em seus dizeres Non Dvcor Dvco. (Não sou conduzido, conduzo) resumia bem o recado a ser dado.A construção do monumento no Ipiranga entre 1892 e 1895 foi a primeira tentativa do poder público paulista em lançar luz sobre o local sagrado que levou à emancipação política brasileira e evidenciou São Paulo perante o restante do país, encetando ainda, a rivalidade com o Rio de Janeiro. O museu seria mais que um monumento, era também uma instituição de produção científica e de legitimação da memória paulistana.

Referências

[1] Descritivo retirado do site: https://www.museudacidade.prefeitura.sp.gov.br/sobre-mcsp/capela-imperial-monumentoa-independencia/

 

[2] OLIVEIRA, Cecília Helena de Salles. O espetáculo do Ipiranga: reflexões preliminares sobre o Imaginário da
Independência. Museu Paulista. Universidade de São Paulo: 1995.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/anaismp/a/Fg37kHR8zTqFXTn7pzf8Gzv/?format=pdf&lang=pt

 

[3] HESSEL, Rodolfo Jacob. Altares de Pedra e Bronze: a construção monumental nos parques da Independência e do
Ibirapuera. Tese de Doutorado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: 2019.
Disponível em: https://repositorio.pucsp.br/bitstream/handle/22741/2/Rodolfo%20Jacob%20Hessel.pdf

Materiais complementares

Ecos do Ipiranga Ep. 7
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RpgRPGz8Ke4&list=PLowCpKBDg1RMHdD_lJoyMgKq52ZHofmE9&index=1

Roteiro recomendado

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